CRÔNICAS

Junípero: o outro santo do pau oco

Em: 27 de Setembro de 2015 Visualizações: 22961
Junípero: o outro santo do pau oco
"Ninguém pode servir a dois senhores. Não podeis servir a Deus e às riquezas". (Mateus 6:24)
                                      
Não rezo! Para este santo, eu não rezo. Já avisei minhas nove irmãs, todas elas rezadeiras, que não contem com minhas orações para o novo santo canonizado nesta quarta-feira pelo simpático papa Francisco. Nenhuma ave-maria, sequer um amém este santo ouvirá de mim. Na hora da Ladainha de Todos os Santos, cantarei alegremente o Kyrie Eleison, mas quando mencionarem o nome de São Junípero, não direi "Rogai por nós". Fecho o bico. Não quero que ele rogue por mim. Não reconheço nele odor de santidade, com todo respeito ao papa.
Na sua viagem apostólica a Cuba e aos Estados Unidos, o papa decidiu canonizar o frade franciscano Junípero Serra (1713-1784), fundador de reduções indígenas que deram origem a Los Angeles, San Francisco, San Diego e outras cidades da Califórnia. O rito de canonização foi celebrado na Basílica do Santuário da Imaculada Conceição, em Washington, na presença de 40 mil fiéis, entre eles cerca de 4 mil seminaristas, que entoaram o Veni Creator Spiritus e a Ladainha de todos os santos.
O novo santo apresentado como "o evangelizador da Califórnia" teve sua biografia lida durante a cerimônia. O papa, que o dispensou da comprovação de um segundo milagre, como já o fizera com Anchieta, se baseou no livro escrito por frei Francisco Palou, em 1787, para anunciar o up grade de Junípero e dizer que ele nos inspira devoção:
"Declaramos e definimos como Santo Junípero Serra, inscrito agora no Catálogo dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja seja devotadamente honrado entre os Santos".
A queda do céu
Não honro. Para ele, não rezo. O que Junípero - aqui pra nós, um nome pior do que Ribamar - fez para ser santo? Esse Anchieta dos gringos evangelizou índios, entre outros os Pame, cuja língua teria aprendido, traduzindo para esse idioma orações e catecismos. Fez isso - escreve seu biógrafo - para acabar com "las depravadas costumbres" dos índios, andando sempre com "una preciosa escolta de soldados y aprendió el idioma de aquellos bárbaros para poder explicarles por este medio que el fin de haber venido a su tierra era para dirigir al Cielo sus almas".
Nos anos em que conviveu com índios de Sierra Gorda, em Queretaro, México, quando os índios foram arrancados de suas aldeias de origem e tiveram suas terras usurpadas, frei Junípero "criou nove missões onde não apenas explicava o Evangelho, mas também ensinava aos índios os rudimentos do trabalho da agricultura e pecuária, bem como fiação e tecelagem".
Juro que é essa a versão oficial que circula. Não sei se é para gargalhar ou para chorar dessa grotesca ofensa às culturas indígenas, todas elas formadas por refinados agricultores, que domesticaram centenas de plantas, muitas das quais desconhecidas dos europeus, realizaram experimentos genéticos, praticaram sofisticada agricultura cultivando desde 5.000 a.C. centenas de espécies nativas. Além disso, eram tecelões que fiavam e teciam peças coloridas de rara qualidade encontradas em muitos museus, especialmente no Museu Nacional de Antropologia inaugurado em 1964 no México.
Agora, alguém é nomeado santo diz-que por haver ensinado o que os índios já estavam carecas de saber, numa versão oficial e preconceituosa que atribui ao europeu o papel de herói civilizador. Lembra muito o episódio narrado por Davi Kopenawa no belo e imperdível livro que fez com Bruce Albert - A Queda do Céu. No dia 19 de abril de 1989, durante as comemorações do Dia do Índio, o general Bayma Denis, chefe da Casa Militar do governo Sarney, pergunta a Davi Yanomami:
- O povo de vocês gostaria de receber informações sobre como cultivar a terra?
- Não. O que queremos é a demarcação do nosso território - respondeu de bate pronto Davi.
Santo ou pecador?
O general Bayma, o outro "santo" que não distingue as variedades da mandioca Jaçanã da Saracura ou da Gema de Ovo e que nunca plantou nada além de notícias duvidosas nos jornais, pretendia ensinar o cultivo da terra aos Yanomami, que havia alguns milênios já plantavam centenas de variedades de espécies em suas roças. Mais audaz ainda do que o general foi o frade, cujo milagre foi ter ensinado os "selvagens" a tecer e fiar, além da agricultura, é claro.
A guerra agora é pela versão dos fatos. "Os mortos não estarão salvos se o inimigo continuar vencendo e esse inimigo ainda não parou de vencer" como anuncia Walter Benjamin em suas teses sobre filosofia da história. Na disputa pela memória, quem controla a imagem dos índios continua sendo o "inimigo", que apresenta-os como destituídos de saber, de religião e de civilização. A canonização de Junípero está sendo usada em termos propagandísticos para reforçar o apagamento das culturas indígenas, aumentar o preconceito e promover o que Hoornaert denomina de "catolicismo guerreiro e triunfante".
No seu livro sobre Junípero Serra, o historiador Steven W. Hackel, ex-professor da Universidade de Oregon não confirma as acusações de que Junípero teria escravizado índios, mas reconhece que ele usou o porrete e a violência castigando fisicamente aqueles que fugiam da Missão. Segundo Hackel, Junípero mandou muitas almas para o céu, porque os índios missionados morreram aos milhares vítimas de epidemias e de mudanças no estilo de vida imposto pela Igreja.
A conclusão de alguns críticos que defendem uma história não panfletária é a de que Junípero Serra não foi o exterminador racista que se pintou, mas está longe de ser um santo, trata-se apenas de uma figura polêmica, ou seja, um "idealista" que para salvar as almas dos índios, destruiu suas comunidades. Sua canonização acaba legitimando tais procedimentos de usurpação de terras e de satanização de culturas.
A Maloca e o Capitólio
E o que pensam os índios?
Toypurina Carac, porta-voz do povo indígena Kizh, que ocupava todo o território onde hoje está a cidade de Los Angeles, declarou à Agência France Press que se "opõe radicalmente à nomeação de santo do responsável pela morte de nossa gente e de nossa cultura". Quem concorda com ele é o líder da Comissão de Índios Nativo-Americanos de Los Angeles, Ron Andrade, para quem Junípero foi um "conquistador cruel" numa empreitada que matou milhares de índios em nome do cristianismo:

"Isto não o torna um santo. Sua canonização contradiz o pedido de perdão do papa, em julho, pelos "pecados" cometidos pela Igreja Católica contra os povos da América. Como você pode pedir para perdoar e esquecer? Matamos seus ancestrais, estupramos suas mulheres, brutalizamos sua religião, entregamos suas terras à Igreja Católica. Como podemos perdoar e esquecer?".
Com esta canonização o papa não está vendo o lado dos índios. É uma provocação tão grande quando o Paulinho da Força puxa o saco do Eduardo Cunha, entoando o coro: "Cunha / guerreiro / do povo brasileiro". Há quem veja uma jogada política do papa em defesa dos imigrantes, alegando que a canonização de Junípero torna visível a existência da ocupação dos Estados Unidos por católicos espanhóis muito antes dos britânicos protestantes.
Cabe, então, a pergunta: se o objetivo é mesmo esse, por que em vez do polêmico Junípero o papa não coloca no altar um defensor radical dos índios como Bartolomé de Las Casas? Junípero já foi canonizado pela Casa Branca, sua imagem, digo sua estátua está lá, há muito, no Capitólio, em Washington, como um dos "pais da pátria" norte-americana, ao lado de outro "santo" que é nada mais nada menos que o ex-presidente Ronald Reagan. É possível servir a dois senhores: a Maloca e o Capitólio?
P.S. Textos citados:  
BENJAMIN, Walter: “Teses sobre Filosofia da História” in Walter Benjamin. Sociologia. Org. Flávio R. Kothe. São Paulo: Editora Ática. 1985.
HACKEL, Steven W. Junípero Serra: California's Founding Father. New York. Hill and Wang, 2013
HOORNAERT, Eduardo. Formação do Catolicismo Brasileiro. Vozes. Petrópolis. 1974
KOPENAWA, Davi e ALBERT, Bruce - A Queda do Céu. Palavras de um Xamã Yanomami". São Paulo. Companhia das Letras. 2015 (Prefácio de Eduardo Viveiros de Castro).
PALOU, Francisco Relacion historica de la vida y apostolicas tareas del Venerable Padre Fray Junipero Serra, y de las Misiones que fundó en la Carolina Septentrional, y nuevos establecimientos de Monterey. México. Imprenta Zúñiga y Ontiveros, 1787.
Ver também:
Anchieta: o santo do pau oco - http://www.taquiprati.com.br/cronica.php?ident=1081
 

 

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18 Comentário(s)

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Rosa Rojas comentou:
15/02/2016
La Comisión Continental Abya Yala (CCAY)-que se reunió en San Cristóbal de Las Casas, Chiapas los días 9 y 10 de febrero de 2016 - “refrendó denunciar al Estado Vaticano como autor intelectual de la Doctrina del Descubrimiento” y exhortó al Papa Francisco a hacer un pronunciamiento público en repudio de dicha doctrina cimentada en la bula papal (documento pontificio) Inter Caetera de 1493, demandándole que emita una nueva bula: “la bula del desagravio”. Le manifiestan también al Papa su preocupación “por la permanencia del espíritu de las bulas papales (documentos pontificios) alejandrinas como marco de relación de su santidad con los pueblos indígenas” y le hacen un llamado para revocar la beatificación de Junípero Serra, que hizo en Washington, Estados Unidos, en septiembre de 2015, “lo cual denunciamos por ser un atentado a nuestra dignidad, ya que este misionero es culpable por el genocidio de nuestros pueblos originarios en California. Consideramos inapropiado de parte de su santidad esta beatificación ya que no es ético ni moral santificar un genocidio”.
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Anne-Marie comentou:
29/09/2015
Nas palavras do seu biografo Junipero, como a maoria dos missionários da época, catequizou, para acabar com as “depravadas costumbres" dos índios, andando sempre com "una preciosa escolta de soldados y aprendió el idioma de aquellos bárbaros para poder explicarles por este medio que el fin de haber venido a su tierra era para dirigir al Cielo sus almas". Era mesmo tão somente este o fim perseguido? Por ter lido muitas vidas de santos na minha juventude, acredito que, como a maioria dos missionários, fizeram também isso para salvar sua própria alma (merecer o paraíso) e, quem sabe, serem reconhecidos como santos.(ninguém é de ferro!) Quantos missionários acreditaram salvar suas almas ao massacrarem cultural e fisicamente os chamados bárbaros? Quantos deles, ao fazerem isso se tornaram preciosos auxiliares da acumulação primitiva do capital? Fiquei muito triste de Francisco, um latino-americano, não se lembrar disso.
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VÂNIA NOVOA TADROS comentou:
28/09/2015
Ana parece que andastes aprendendo História Mundial em Dez Lições que é a pior metodologia para aprender alguma ciência. Começa pela postura adotada ao analisar outra religião : os católicos são puro blefe. É preciso observar um povo localizando-o em um contexto e o seu respectivo modo de pensar o que e certo ou é errado naquele momento. O Cristianismo foi criado por Jesus Cristo como religião popular e ao ar livre dizendo ao Apóstolo Simão : "Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarás a minha Igreja". Depois da morte de Jesus Pedro, Paulo de Tarso e outros apóstolos foram discutir em cavernas os fundamentos da Igreja Católica porque a religião Cristianismo já havia sido fundada por Jesus. Foi perseguida e cerca de trezentos anos depois o Imperador Constantino devido ao grande número de romanos cristãos adotou - a como religião do Estado Romano e aí vão surgir as grandes igrejas e uma estrutura mais visível da I.C.
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Vânia Nooa Tadros comentou:
28/09/2015
A Antropóloga Maria Lúcia Aparecida Monte, USP, diz que o que defere os homens dos demais animais é a sua capacidade de simbolizar. Todas as religiões são um ato de simbolização por isso não entendo porque intelectuais da área de humanas enchem a boca para dizerem que não rezam, isto é, eles perde a oportunidade de desenvolverem e exercitarem umas das suas grandes potencialidades.
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José Seráfico comentou:
28/09/2015
Dentre os comentários inteligentes, alguns chamam a minha atenção. O primeiro, aquele que se refere à semelhança conceitual entre Bartolomé e Junípero (este, somente agora a mim revelado): ambos acreditavam (e davam crédito) na/à evangelização à moda da Igreja - qualquer igreja. Outro, quando se refere às - digamos assim - necessidades políticas de Francisco, ele também um agente político, não bastasse sua condição de chefe de Estado, o Vaticano. Se formos maniqueístas, por certo condenaremos o Papa. Se não o formos, melhor é compreender as razões de sua suposta traição à caminhada até agora empreendida, antes de Junípero tornar-se santo. De minha parte, como não rezo para santo algum, assim como não me filio a partido algum, nem tenho outra inspiração além das declaradas (surpreendam-se!): Jesus, o homem; Guevara, o revolucionário político; Dom Quixote, o que via prazer no combate, não na vitória a qualquer custo; e Carlitos, sempre em busca da felicidade - continuo acompanhando esperançoso a trajetória de Francisco. Jamais deveremos esperar de um homem, mesmo com as responsabilidades de um Papa, a perfeição. Ponderar virtudes e vícios significa reconhecer nele um ser igual a nós. O que o distancia dos demais é a posição que ocupa e os deveres que cercam o posto. Não exageraria (ou exageraria?) se defendesse a outorga do Nobel da Paz a Francisco. O que acham? Abraços fraternos, com os aplausos ao amigo Babá. Extensivo aos demais que tratam dos assuntos de que se ocupa o autor do artigo sem ódio ou mágoa.
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Ana comentou:
28/09/2015
Texto ótimo como sempre. Mas lembremos que os católicos são puro blefe. enxergue quem quiser. Começam ao dizer que Pedro foi o primeiro Papa, como se não soubessem que a igreja foi criada mais de duzentos anos a após a morte de Pedro. E fazem exatamente tudo ao contrário do que Deus pede na Bíblia. Podem nomear quem quiserem de santo, pois como neste caso, todos os demais são blefe também. e muitos estudiosos só se diziam católicos para não irem para a fogueira. O que mais me assusta, é que até hoje fazem essa coisa horrível, como você muito bem detectou. Você conhece bem a história de "São Jorge"? Pesquise-a e verá que é igual à, do Boto Rosa. Basta ler a Bíblia para ver como mentem. Com ou sem a tradução do Livro sagrado, o povo até hoje ignora o seu conteúdo, dizem que a compreensão é difícil e nem tentam ler, chamem qualquer analfabeto que frequenta uma igreja séria e simplesmente explicará alguma verdade que ali se encerra. Toda ela só pede Amor, respeito e sinceridade. E os católicos vivem em função de Mentiras, comparando o que fazem e pregam, com o que se pede na Bíblia. A Paz
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vânia Novoa Tadros comentou:
27/09/2015
BESSA, SANTO ALGUM PRECISA DE REZA, PRINCIPALMENTE, DE ALGUEM SEM RELIGIOSIDADE PORQUE O PAPA NÃO RETIRA O STATUS DE SANTO DE QUEM JÁ O É, DA MESMA FORMA QUE OS PETISTAS DEFENDENDEM QUE A DILMA NÃO DEIXE DE SER PRESIDENTE EMBORA ROUBE E COMPRE VOTOS DE PARLAENTARES CONTRA OS INTERESSES DA POPULAÇÃO COM O NOSSO DINHEIRO. NÃO ENTENDI PORQUE TU ESTÁS ELOGIANDO O PAPA FRANCISCO PORQUE QUANDO ELE ESTEVE AQUI, FIZESTE TUDO, EMBORA SEM ÊXITO, PARA DESTRUIR UM ENCONTRO MUNDIAL DO PAPA COM JOVENS. ESTA TUA PAUTA NUMA SEMANA COM TANTOS ACONTECIMENTOS POLÍTICOS E MUITOS ATAQUES AOS TEUS COMPANHEIROS E ALIADOS É UMA PROVA DE QUE NÃO TENS MAIS COMO DEFENDÊ-LOS.
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Gloria Maia comentou:
27/09/2015
Quando pendo que a Igreja está de fato disposta a se redimir das inúmeras atrocidades cometidas pelos europeus, aos indígenas, O Papa Chico comete esse deslise. Aparentemente tão revolucionário,como pode não reconhecer Bartolomeu de Las Casas como Santo. Esse sim eu rezaria por ele, pediria sua interseção a favor dos índìgenas. Contato de Gloria Maia
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André comentou:
27/09/2015
Eu tambem teria propuesto Bartolomé mas en mayo estava con indigenas mayas da guatemala y falando assim me diceron que para eles era um simbolo da igreja catolica que coemeteo o crimen de etnocidio Mi conclusion : no se deberia santificar a ninguem que se ha metido con indigenas pensando transformarlos en brancos (para dar otro ejemplo, para mi o presidente negro dos Estados Unidos es un homen totalmente branco de pensamento, y jefe de un estado que continua as guerras contra otros povos y que poderia ser dito de terrorista piensan un poco no aniversario de HIroshima y Nagasaki) y se deberia mandar ante o tribunal internacional todos los que se han metido con indigenas para matarlos o robar sus territorios. (O papa se equivoca en santificar un franciscano, y de pensar que ele faz milagro)
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Paulo Tássio comentou:
27/09/2015
Bessa, seu texto não só denuncia o "apagamento" dos fatos históricos, mas coloca outra coisa em questão: os direitos dos direitos dos indígenas aos seus saberes.
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Renata Póvoa Curado (via FB) comentou:
27/09/2015
Pra esse "santo" tb não rezarei! Uma pena a igreja (digo em nome do papa) msm estando às vezes com boas intenções se equivocar tanto! E repetir equivocos históricos. Obrigado por me atualizar professor, n tenho tv e nem leio jornais de grande circulação (prometo buscar ler mais rsrs) mas com seus textos semanais tenho uma boa perspectiva dos fatos atuais e de como pensa-los de forma critica! Grande abraço e boa viagem!!!!!
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Tarcisio Lage comentou:
27/09/2015
Junípero, Anchieta, os jesuítas das missões e o diabo foram piores do que os bandeirantes, o general Custer e cia, pois mataram a alma dos índios, pisotearam suas religiões para impor a dos colonizadores. Amém. Mas, Dom Bessa, não adianta bater prego sem estopa, esse negócio de santo é merchandising, sem fazer santo o Vaticano fica mal das pernas, já até modernizou um pouco, não vende mais indulgência que virou tramoia de evangélicos. O papa tinha de fazer um santo gringo, um agradinho de nada ao império. Ou você acha que o Francisco é santo? Contato de Tarcisio Lage
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André comentou:
26/09/2015
Me parece boa oportunidad convidar os pensadores a pensar un poco fora dos estereotipos que dividen os homens en duas partes: nosotros y los otros. Los "nosotros" en toda parte do mundo se autodenominan como "Hombres" dejando de pensar que los "otros" son "Barbaros" con quien no tenemos ninguna relacion (en un caso) o con quien tenemos que acabar (en un segundo caso que termina en la matanza del 'Je suis Charlie"). Quer dizer que todo povo, -- seja indigena, seja occidental, seja oriental, seja de hoje, seja de antanho -- es etnocentrico y se considera (con o sin razon) como al centro del universo. El problema viene del fato de que alguns pueblos se tornan etnocidiario y acaban con las culturas de los otros, a veces con el agravante del genocidio (donde se mata fisicamente a todo un pueblo = crimen contra a humanidade, o crimen por no asistencia al otro o por cualquier otro motivo). Cortès matava los Indios con sus armas de fuego, su politica... en nome de Espanha. Las Casas denuncio las atrocidades de la colonizacion, mas no el principio mesmo de la colonizacion que el chamava de evangelizacion y otros de integracion, inclusion, educacion, etc etc y sao muitos los 'sinonimos'. Las duas figuras (Cortès, Las Casas) estavan a favor del etnocidio, el primero para apoderarse de los territorios, el segundo para transformar el indio en branco, para transformarlo en ciudadano, en brasilero, en colombiano, en venezolano, en hermano, etc. Los jesuitas han participadon das duas cosas, mas no se pode identificar Cortès y Las Casas, a pesar de que los dois han cometido o pecado de etnocidio. Aparentemete (no se quien es ese novo santo) el papa Francisco es como todos nos, un defensor de las cuturas, todas sin exclusion, mas que conserva un poco de humanidade y que se piensa como un centro. Para pensar el problema, gostaria abrir una investigacion sobre el fato de que alguns pueblos (naturalmente etnocentrico) se transforman en etnocidiario. Me parece que la cuestion radica en el fato del Estado. bibliografia : Pierre Clastres de l'ethnocide
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Hans Alfred Trein comentou:
27/09/2015
Muito bom, Bessa, uma análise apropriada das contradições, às vezes, incompreensíveis do Papa Chico de muitos enfrentamentos necessários. Muito interessante também a sua tese, André, de que o etnocentrismo, intrínseco a todos os povos e culturas, torna-se genocida quando a sociedade adota a formação social de Estado. Nisso Clastres é de fato leitura clássica, obrigatória! Talvez não seja demais lembrar que a Igreja ainda se encontra no que se pode chamar de prisão constatiniana, ou seja, entrou na arapuca do imperador Constantino no século IV, passando de igreja perseguida à religião oficial do Estado. Quando, mais adiante, tornou-se ela própria um Estado, aí complicou de uma vez! Talvez existam, mas são raras as vezes em que razões de Estado coincidem com interesses populares. Abraços, Hans
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Reynaldo Borges comentou:
26/09/2015
É impressionante a manipulação que se faz com a memória, escondem os conhecimentos dos índios a quem consideram ignorantes para favorecer a ação deleteria e destrutiva.
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Felipe Lindoso comentou:
26/09/2015
Quem quiser que compre esse papo de jesuíta "bonzinho". Eu, não.
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Ana Stanislaw comentou:
26/09/2015
É por que o papa Francisco, tão caridoso e revolucionário, não canoniza o Bartolomeu de Las Casas? Isso sim seria revolução e evidenciaria que a Igreja Católica, de fato, quer redimir os seus pecados. Que não são poucos!! Afiado como sempre, hein!!!
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M.de M.Foucher comentou:
26/09/2015
Pisou na bola o Papa Chico ...Como chefe do Estado do Vaticano ele foi exemplar nos seus discursos, mas segundo o grande defensor das causas indígenas no mundo emérito professor José Ribamar Bessa, ele perdeu alguns pontos nessa jogada, ao canonizar esse Frei Junípero mero desconhecido para mim, só agora acabo de conhecer sua historia através do grande Bessa. Pois é Baba o colonizador cruel sempre sai como herói na historia das chamadas conquistas....A historia indígena continua em construção...os nossos heróis guardiões dos ecossistemas e de muitas culturas continuam como sujeitos periféricos. Mas tenho esperança que minha neta Gabriela, a Aninha e a geração dela mudarão as historias...
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