CRÔNICAS

As dores do mundo no bairro de Aparecida

As dores do mundo no bairro de Aparecida

“Versos... não. Poesia... não. Um modo diferente de contar velhas histórias”.

(Cora Coralina. Poemas dos Becos de Goiás. 1965).

No mundo são mais de 2 milhões de mortos pelo Covid-19. Entre eles, pelo menos 35 moradores do bairro de Aparecida que “está sendo devastado” nas palavras da antenada Edna Morrissey, 80 anos, que lá viveu antes de se radicar em Miami.

No Brasil foram registrados mais de 222 mil óbitos, incluindo aqueles ocorridos nas quinze ruas e treze becos do antigo bairro dos Tocos.

No Amazonas, cujo sistema de saúde entrou em colapso, já são quase 8 mil mortos, alguns asfixiados por falta de oxigênio, no meio deles o músico Arnaldo Marques, morador da rua Alexandre Amorim.

Em Manaus, segundo o gen. Ridauto Fernandes, assessor do Ministério da Saúde, 320 pacientes já foram transferidos para outros estados, mas 612 aguardam na fila e podem “morrer na rua”. Quantos deles nas ruas e becos do bairro de Aparecida?

- “A única solução é a transferência de 1.500 pacientes das unidades de saúde do estado para outros estados. [...] Não vou montar 1.500 leitos de UTI nunca em Manaus” – declarou o titular do Ministério da Saúde, gen. Eduardo Pazzuelo, o sargento Pincel, que não consegue justificar sua omissão e quando abre a boca só fala bobagens cloroquinadas.

Quem são os responsáveis pela ausência de uma política de saúde que poderia ter evitado tantas mortes? Em um país sério, os consumidores de leite condensado, de alfafa e de chiclete que custaram milhões aos cofres públicos em plena pandemia, seriam responsabilizados e punidos. Presidente da República, ministro, governador do Amazonas e prefeito de Manaus mesmo que façam um cambalacho e se aliem com o lado podre e corrupto do país para evitar o impeachment, não poderão fugir do julgamento da História.

Os números assustadores de óbitos no mundo e no Brasil não dão conta de tanto sofrimento. As estatísticas são frias.  É possível, no entanto, avaliar a dor planetária, nacional e local através daquelas mortes mais próximas de familiares, amigos, colegas de trabalho, alunos, vizinhos e conhecidos. A vacina conquistada depois do embate com os negacionistas e terraplanistas, é um fiapo de esperança. Cerca de 31 mil pessoas já foram imunizadas no Amazonas e no bairro, entre outros, Glória Nogueira, 90 anos, Damiana, a Dadá, de 85 anos e Mundica, moradoras do Beco da Indústria. Ufa!

E é para lá que vamos, abrindo as gavetas de lembranças dobradas e amassadas, sempre em busca da infância sustentando a memória, que nos dá força para resistir. Um dos mortos levado há poucas semanas pelo Covid é Francisco Abner, o Lê, filho da dona Teresa e do seu João. Sua prima Astrid Lima, que há muitos anos vive na Itália, mas deixou o coração no bairro de Aparecida, encontrou entre seus papéis um texto antigo que escreveu e que acaba de me enviar. Reproduzo aqui a costura poética feita por ela das recordações que permanecem vivas: lugares, gente, acontecimentos, situações.

Uma loucura

 “As ruas de pedra crua, o joelho sempre ferido, o primeiro beijo, o seu Ceguinho, a Carmem Doida, o padre Marcos, o português Fernando que nós tínhamos certeza não se afastava nunca do seu bar, o medo do Cônego Azevedo antes da reforma do Grupo Escolar onde, era voz corrente, havia um esqueleto além dos seus muros escuros (muralhas, para nós crianças).

“As corridas com os cachorros nos nossos calcanhares, os banhos de chuva embaixo das calhas - cachoeiras de detritos - o último andar do colégio Aparecida, que - se dizia – havia sido permanentemente fechado depois que o elevador despencara matando dois estudantes (poucos ousaram ultrapassar as portas trancadas, desafiando as escadas em ruínas que davam na antiga biblioteca), os papagaios enrolados nos fios, a goiabeira de galhos lisos atrás de casa.

“As famílias do bairro, as brigas memoráveis, os pequenos empurrões entre amigas, o rio, as corridas até a boia no meio da água, os arraiais na Igreja, a primeira comunhão e o medo de cometer pecado entre a primeira confissão e a hóstia consagrada no dia seguinte, a total e absoluta ausência de roubos, a quadra esportiva, as passagens secretas até a Luiz Antony, as velhas casas estreitas, minúsculas, da Bandeira Branca, as enchentes que lambiam as cozinhas com os quintais de rios na Gustavo Sampaio, o seu Aury, que consertava tudo, a dona Pequena fumando cachimbo na cadeira de balanço. Ah, as cadeiras de balanço! Todas as cores: amarelas, verdes, azuis, enfeitando as portas; o seu Osmar e a sua ternura africana.

Não sei o que existe naquele lugar que nos torna ligados a ele desse modo indissolúvel, não sei o que é capaz de marcar a memória com esse fogo perene, não tenho um nome para explicar o que, desse bairro — pedaço de terra, quase lama de rio — permanece em silêncio no lugar mais remoto da nossa alma e que retorna toda vez que perdemos a estrada, que erramos o caminho, que nos sentimos solitários e vencidos. Retorna, nos sussurra um nome, nos recorda um aniversário.

“Aparecida. Aquele lugar nos forja em continuação. Vamos morrer pela mesma causa e, espero, com um meio sorriso nos lábios lembrando do Rubem Rôla nos dando uma piscadinha cúmplice. A Aparecida não é uma doença, é a nossa loucura”.

Morrer de Aparecida

O texto de Astrid dialoga com Morrer de Aparecida, que escrevi aqui no Diário do Amazonas, em 2008. Lá situávamos esse pequeno bairro tradicional de Manaus, próximo ao centro, derramando charme por suas quinze ruas e treze becos. Suas fronteiras estão bem delimitadas. No Sul, o igarapé de São Vicente, o famoso bosteiro, que desagua na baía do rio Negro. Ao Norte, a Matinha, refúgio dos nossos adorados “rivais”. O Oeste, na verdade o faroeste, é território “inimigo” dos bucheiros de São Raimundo. A porta para a modernidade e para o mundo é o Leste: Teatro Amazonas, Av.  Eduardo Ribeiro, Mercadão.

Os becos, de nomes sugestivos como Chora-Vintém, Pau-Não-Cessa, Saco-do-Alferes onde o antigo bairro dos Tocos se escondia, foram cantados no romanceiro suburbano pelo nosso poeta maior Luiz Bacellar, tocando sua frauta de barro:

 “Há tanta angústia antiga em cada prédio! Em cada pedra – nua e gasta”.

Bacellar, doente crônico de Aparecida, só não morreu dessa enfermidade, porque se vacinou de poesia e virou imortal. O olhar amoroso do poeta percorre as casas velhas do bairro, os buracos nos soalhos, os beirais rebentados, as calhas entulhadas pelas folhas fermentadas das mangueiras, os alpendres corroídos, as cumeeiras caídas, as goteiras nos telhados, as fisionomias alquebradas e recolheu para nós “as rugas tristonhas das janelas dolorosas, dos batentes desbeiçados, das velhas portas cambadas de gonzos desengonçados!”.

Os becos do bairro – em alguns dos quais não entram carros – são sobras, restos do espaço urbano, transformado em lugar de residências, cujas fachadas receberam uma injeção de botox. Seus nomes mudaram, porque as funções pós modernas são outras.

Poesia nos becos

Nos “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”, Cora Coralina faz uma declaração de amor à paisagem triste, ausente e cheia de fragmentos dos becos suspeitos de Goiás. Lá, como aqui, eles são espaços de lazer, de festa, de fofoca, de briga, do jogo de dominó e das histórias de mil e um becos:

“Versos... não. Poesia... não. Um modo diferente de contar velhas histórias”.

São essas velhas histórias que nos matam de Aparecida e, como uma urdidura, nos prendem em sua teia para sempre. Elas nos dão a dimensão da perda sofrida pelo planeta, porque imaginamos que detrás de cada uma delas, no mundo e no Brasil, existem bairros, onde pulsa a vida e residem pessoas queridas, cujas partidas – muitas delas – poderiam ter sido evitadas.

Essa dor que nos aniquila é tema de Dores do Mundo, de Schopenhauer, que li aos 17 anos, emprestado pelo tio Dantas, com uma advertência: “É muito bom, mas pessimista demais”. Escrito no final do séc. XIX, em linguagem clara, o autor interpela o amor, a morte, a arte, a moral, a religião, a política, o homem e a sociedade. A dor – ele escreve - é a regra da vida num mundo que é lugar de penitência. Mas Schopenhauer abre uma janela de esperança: embora a vida não seja nada encantadora, a representação dela, através da arte, especialmente da música, nos ilumina e nos redime. Ainda bem. A arte é a vacina da vida. Nunca pensei que a leitura de um filósofo alemão do séc. XIX feita num beco de Aparecida no séc. XX, pudesse dar sentidos à tragédia que vivemos no séc. XXI.

P.S. – Agradecemos à Regina Cabral Freire e Wander dos Reis, presidente da Associação do Bairro de Aparecida, o envio da lista daqueles que nos deram adeus: Maronilson Ribeiro, Jorge de Lima Pereira, Raimundo Nonato (Moni), Francisco Abner (Lê), André Vital de Moura Buriti, Nancy Teixeira, Rossini Carvalho Tavares, Raimunda Mesquita de Souza, Palmira Ferreira Pinto, Valcira Maria Ibanês (mãe do Raul), Agenor Lima, Carlos Fabricio Teixeira, Raimunda Andrelina da Conceição Matos, Mario Oscar Serrão, Maria Aparecida Colares Barbosa (esposa do Mazito), Sandra Silva Felipe (prima da Sandra Mangabeira), Padre Walter (redentorista), Luis Carlos Bandeira (Gandhi), Amazonilda Gama, João Gama, Maria Margarida Holanda Lemos, Cleomar Tavares, Raimundo da Paes Matos, Arnoldo Batalha, Maria Lindernira Lopes Carneiro, Ivanete Monteiro da Silva (Casinha da Saúde); Rui das Graças Craveiro Pinto; Itiel Batista Rodrigues; João Sidney de Castro, Jair Ferreira Rodrigues (marido da finada Glorinha Angelim), Marcio Tenório (Baco), Ana Milério, Arnaldo Marques,  José do Nascimento.

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44 Comentário(s)

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Andrea Sales comentou:
05/02/2021
É Bessa... muitos se foram mas estão vivos nas memórias dos mais próximos e em cada canto de Manaus e outros tantos lugares puderam deixar seus rastros.
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Vera Nilce Cordeiro Correa (via FB) comentou:
05/02/2021
Hj foi dia de lembranças de Manaus. Chorei mto ao encontrar a irmã q teve coragem e foi estar com minha mãe em seus ultimos dias. Eu nao tive coragem de pegar um voo tao distante de Ctba ate lá . Sinto mto pelo pessoal da Aparecida. Nao sou de guardar nomes nem mesmo meus endereços passados, mas nao esqueço da Risalinda P. da Silva, do colégio brasileiro, minha querida amiga q morava no beco da indústria, 51. Me perdi dela, infelizmente! Hj tb no almoço com meu filho, por coincidência, relembrava Manaus e falei da Carmen doida e dos outros doidinhos queridos e algumas histórias vividas por mim e outras pessoas conhecidas. Meu filho q veio viver um pouco meu luto, me fez rir puxando histórias. Estou mto triste com tudo q soube hj de lá. O que sabemos é pouco face a realidade
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Renata Corrêa M G comentou:
03/02/2021
Tio, que lindo e triste texto! É muito importante lembrar das vidas para além dos números nesse momento em que a crueldade dos nossos governantes parece querer desumanizar a todos.
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Eneida Simões da Fonseca comentou:
02/02/2021
Bela e verdadeira crônica sobre a realidade que vivemos mas que poderia, sim, ter sido evitada. Siga se cuidando ...
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Adriano Rodrigues Filho comentou:
02/02/2021
Muito Interessante, seria "muito melhor", se não tivesse incluído e mencionado política parcial nessa "crônica". Nasci e me criei em Aparecida, Entendí este Bairro com "unhas e dentes" e doei o meu suor por esse Querido Bairro, onde nunca neguei minhas raízes.
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Jose Abreu comentou:
01/02/2021
É triste ver tantos amigos irem embora sem podermos nos despedir e nem fazermos um momento de oração junto à família no velório ou colocar uma foto em sua sepultura.
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Ligia Aquino comentou:
01/02/2021
Ah, Bessa.... vc, na sua prosa faz poesia e contas nossas histórias e suas dores, nem velhas, nem novas, nossas histórias e que nos atravessam, alumiando e aninhando a nossa existência. 'Gradicida! AbraSUS! Ligia
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Cida Nogueira comentou:
01/02/2021
Parabéns!!! muito boa sua crônica, uma descrição fidedigna de uma tragédia antes vista só em filmes de ficção e que infelizmente hoje fazemos parte como personagens, dá medo abrir o face , intagram ou whatsapp, todos viraram obtuários, qto dor, pranto e medo espalhados pelos becos, ruas estreitas e lares da nossa querida Aparecida.
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MARCIO CORREA comentou:
01/02/2021
Para todos nós que nascemos e crescemos, e temos pais e avòs também nascidos no Bairro, esse texto é uma porrada nas nossas almas... Foi emocionante ler e se identificar de imediato com tudo... Tristeza toma conta de nós ao vermos amigos, vizinhos, conhecidos partindo assim... Que Deus nós proteja!!!
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Júlio Maglhães comentou:
01/02/2021
Não poderia deixar, nesse momento de tamanha dor, de expressar tamanho sofrimento que sinto ao ver nomes de pessoas que fizeram parte, não só da minha vida, como também da história da bairro de Aparecida, o berço esplendido. Pessoas essas que estarão guardadas eternamente no meu coração, como exemplo, cito: Agenorzinho, amigo de infância, Sei Tiel, vizinho de uma vida no beco da indústria; Moni,, aficcionado por carros turbinados e de o todos os outros que partiram fica minha lembrança. Ah, talvez ela não se lembre, mas Astrid, estudamos juntos no Cõnego Azevedo, lembra do Júlio, filho do Estevam Santos e da dona Nenê. Termino dizendo "você sai da Aparecida, mas Aparecida não sai de dentro de você".! Cuidem-se!
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Ademario Ribeiro comentou:
31/01/2021
O professor José Bessa à cada crônica nos surpreende... Quase sempre fico horas para conseguir escrever aqui. Ele nos sensibiliza, aprofundiza o tema, cenários e personagens e nesta Taquiprati - com quase 225 mil mortos pela Covid-19 - cutuca todos nós no mundo inteiro - que o Julgamento da História seja agora!!
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Bolivar Carvalho (via FB) comentou:
31/01/2021
Se eu morasse em Manaus, não abriria mão de morar no bairro Aparecida.
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Susana Grillo comentou:
31/01/2021
Que tristeza, Bessa, a relação final da sua crônica. Um universo de histórias, fazeres, saberes construídos nesses espaços de ruas e becos úmidos pelos grande rios, de alegrias, que formaram pessoas e a cidade, se vai no meio de tanto descaso pela vida e pelo conhecimento., de tanta falta de vergonha na cara e de responsabilidade . Estamos todos desalentados, estropiados e lembrando de Schopenhauer. para quem a arte nos salva e nos fortalece na resistência. Um grande abraço
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Lia Faria comentou:
31/01/2021
Estimado Bessa muito triste mas lindo tb!! Bjs Lia
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Valter Xeu comentou:
31/01/2021
Cronica sobre Aparecida publicada no Blog Patria Latina https://patrialatina.com.br/as-dores-do-mundo-no-bairro-de-aparecida/
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Nana Soeiro comentou:
31/01/2021
Babá, você sempre brilhante. Muita emoção e lembranças do nosso inesquecível Bairro de Aparecida onde nasci e vivi até meus 26 anos. Identifiquei, com pesar, alguns amigos: Maronilson, Arnaldo Marques e Ana Milerio????????????. Dias difíceis estamos vivendo em decorrência da omissão e insanidade dos que deveriam zelar pela política pública de saude. Um escarnio!!
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Nem Bandeira comentou:
31/01/2021
Existe uma Aparecida para cada um de nós. E o professor Bessa prestou uma linda homenagem, mais que merecida, ao querido bairro de Aparecida, que bem representa o sentimento de pesar e de luto que vivem os bairros de Manaus. Professor, mais uma vez parabéns. Seus textos sempre nos ensinam e emocionam. Forte abraço.
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Ricardo Bessa comentou:
31/01/2021
Mais uma superação do meu irmão com sua crônica humanista. Parabéns, um primor de texto. Jamais poderia imaginar que a Aparecida desse fruto tão vistoso de literatura e poesia.
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Astrid Lima comentou:
30/01/2021
Não consegui chegar no final da lista de mortos que, possibilmente, não será definitiva. É uma chacina Ribamar, chacina de Estado. E para nós que estamos vivos não nos resta que denunciar. Te quero bem. Viva. Ps - Existe uma Aparecida para cada um de nós nesse velho planeta. Bom que tenhas recordado a todos nós
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Celeste Correa comentou:
30/01/2021
Mano, essa foi uma das tuas crônicas que mais me emocionou não só por ser o nosso querido Bairro de Aparecida, mas porque deste alma e vida falando do cotidiano e das dores das pessoas do bairro. Eu me lembro que quando o Aldir Blanc morreu, o seu parceiro, o cantor João Bosco, falou "Aldir foi mais do que um amigo pra mim. Ele se confunde com a minha própria vida.quero cantar nossas canções até onde eu tiver forças. Uma pessoa só morre quando morre a testemunha. E eu estou aqui pra fazer o espírito do Aldir viver" . E assim és tu. O Bairro de Aparecida se confunde com a tua própria vida. Ele é mais que um bairro pra ti. E sei que também vais falar dele enquanto tiveres força. Hoje falas dele com amor, mas também com muita tristeza pelos amigos que estão morrendo pelo descaso desse governo cloroquinado e desumano. Mano, tu, a testemunha, contínuas vivo e não deixas que a morte dos nossos amigos do Bairro de Aparecida sejam somente estatisticas
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Márcia Paraquett comentou:
30/01/2021
Tudo muito triste, querido amigo. Fique forte porque precisamos de suas crônicas pra respirar.
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Maria Luiza Oswald comentou:
30/01/2021
Que lindo Bessa ! Muito me sensibilizou amigo. Mais ainda do que o que você normalmente escreve. Provavelmente por eu ter morado 3 anos em Manaus, na década de 70, por ter sido muito feliz lá na casinha em que morei no bairro de São Jorge, mais ainda me doa a tragédia que lá vem ocorrendo por irresponsabilidade , maldade, pouco caso dos governos federal, estadual e municipal com o sofrimento das pessoas morrendo asfixiadas. Sinto muito Bessa. Fica aqui minha indignação e meu abraço sincero.
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Marcelo Lemos comentou:
30/01/2021
Bessa estou muito triste pelo que está acontecendo em Manaus! Lamento pela morte dos seus conhecidos. Meus sentimentos!! A nova variante do Covid, que apareceu em Manaus está fazendo um estrago maior ainda, infelizmente, não só em Manaus mas já está se espalhando pelo país e o mundo. Cada vez mais a vacina se torna primordial.
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Ana Karina Brenner comentou:
30/01/2021
Bessa, uma desgraça o que acontece em Manaus e no Amazonas. Pazzuelo coordenou "Operação Acolhida" aos venezuelanos em Roraima. O que a muito custo conseguiu foi organizar um processo de "interiorização" dos venezuelanos, de Pacaraima e Boa Vista para cidades como Rio, São Paulo, Dourados..... mas nunca impediram que pastores picaretas fossem de ônibus arregimentar novos fiéis disfarçados de ajuda humanitária. Ou criar abrigos com casas de plástico polionda, vindas da Dinamarca, próprias para o clima nórdico, bem adequadas.... É claro que deste governo não se espera competência para aquilo que a gente avalia como competente, mas eles excedem todos os limites de decência!
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Rita Ribes comentou:
30/01/2021
Bessa, que primor a sua crônica. Dolorida e certeira. Que privilégio ter um colega tão perspicaz e comprometido. Obrigada. Seguimos... compartilhando dores e esperanças.
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Georgete Mangabeira comentou:
30/01/2021
Quantas dessas pessoas fizeram parte de nossas memórias afetivas. Nosso bairro de tantas alegrias, de tantas lembranças boas e vizinhança pacata e solidária. Aí meu Senhor guarda teus filhos dessa doença mortal e aqueles que já se foram, recebe-os em tua morada.
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Joao Roberto Bessa Freire comentou:
30/01/2021
Esta crônica nos remete aos tempos idos de nossa infância no bairro de Aparecida, onde seguramente, passamos os melhores anos de nossas vidas. Obrigado meu irmão pela homenagem feita aos moradores que tombaram pela Covid 19, deixando-nos órfãos de vários amigos com quem tivemos o prazer de conviver. É verdade amiga Janete Nunes, cada morador que se vai é um pedaço de nós, pois fazemos todos parte de uma grande família !
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Socorro Pereira comentou:
30/01/2021
Muito triste perdemos muitos moradores do bairro
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Mário Nogueira comentou:
30/01/2021
A nossa Aparecida, tradicional bairro de Manaus, protagonista de tantas lindas histórias, mais uma vê se vê nas crônicas do José Bessa - TAQUIPRATI - o mundo em Aparecida
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Maria Auxiliadora Dantas comentou:
30/01/2021
Verdade mais vou fazer um relato, estou com meu sobrinho que foi diagnosticado com.covid e o mesmo ficou em.casa para fazer o tratamento conseguimos oxigênio ficou tudo ok mais teve uma piora e foi para o hospital 28 de agosto ficou em uma cadeira sem nenhum atendimento ai falando com.um e outro conseguimos um leito mais tudo difícil o problema das mortes não é apenas pelo vírus e sim também pelo descaso dos profissionais que não possuem ética profissional não vou relatar a história toda porque não vai ter espaço esse governo bandido que já deveria estar preso por não colocar medicação e outros o povo tem razão e não fazem nada sabe porque eles querem estatísticas de mortes esses bando de ladrões. O.meu sobrinho estamos pagando com vakinha solidaria o tratamento dele para ele não.ser mais um para a estatística desses corruptos a pessoa só sente qdo tem um parente dentro de um hospital e isso que tem que ser feito é em cima porque não vai parar de morrer porque não existe profissionalismo parece que não é ser humano ainda não comprendeu essa situação.
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Janete Nunes comentou:
30/01/2021
Emicionada. Gente me passou um filme nas lembranças. Minha infância e adolescência. Quando rio enchia tomava banho no quintal de casa pulando de cima da mangueira. "Que tempo bom que não volta nunca mais" E ao mesmo tempo sentindo a perda de pessoas próximas. Ano passado minha família ficou dilacerada com a perda de três irmãos, todos meus primos. Hoje cada um que se vai é um pedaço de nós
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Edméa Santos comentou:
30/01/2021
Simplesmente maravilhoso . Emocionada e grata.
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Wander Reis comentou:
30/01/2021
A Associação Comunitária do Bairro de Aparecida vem através da sua página oficial do Facebook agradecer ao escritor Sr. José Bessa, pelo belíssimo editorial
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Rose Mary Pinheiro comentou:
30/01/2021
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Ana Chrystina Mignot comentou:
30/01/2021
Meu querido amigo José Bessa, que bom termos no meio de tanta tristeza, uma pessoa sensível como você para denunciar o descaso que se abate sobre Aparecida, ali em Manaus. Sofremos juntos. Estamos juntos na dor e na indignação.
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Maria José Alfaro Freire comentou:
30/01/2021
Tenho flashes de infância da Aparecida, quando ia visitar minha avó. O cheiro da bacia de alumínio no sol, misturado com o cheiro do sabão de pedra. O som do beco entrando pela janela, pertinho do ouvido, quando dormia na rede do segundo andar. A casa se estendendo pra rua com as cadeiras nas calçadas. Um monte de crianças juntas, brincando, soltas nas ruas. Um portal afetivo.
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Maria do Socorro Souza Cordeiro comentou:
30/01/2021
Adorei o conteúdo, bem narrado, exceto às responsabilidades, que o STF deliberou aos prefeitos e governadores. Haja vista, o Governador do Amazonas desinstalou o hospital de Campanha, tal como nosso Governador de Roraima e aí? - Ninguém acredita que vai piorar, mas se não parou no zero a procura de infectados, por que desmontar O HOSPITAL? EXCETO esse conteúdo, nada contra as prosas de nossa infância. Parabéns!
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Mailsa Passos comentou:
30/01/2021
Tão emocionada aqui, José Bessa ! Essa aí tocou lá no fundo.. Quando cheguei nos nomes desabei.. Porque é isso né?! As pessoas têm nome, têm sempre alguém que as ama, mora em um bairro que também tem nome, vizinhos, histórias, vidas... são vidas perdidas tragicamente por incompetência, descaso, praticamente um projeto de extermínio.. Seu texto é necessário. E que delicadeza e talento pra tratar de uma realidade tão dura. Obrigada. A arte deve curar mesmo, né?!
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Joaquim Barbosa comentou:
30/01/2021
Lindo texto, professor José Bessa . Quando estive em Manaus no doutorado, morei no bairro Aparecida, na Luiz Antony. Nas faltas de luz à noite, quase sempre antes de uma chuva daquela que tem hora para começar, nunca para terminar, o pessoal ficava na frente das casas contando histórias do bairro Aparecida. Seu texto me fez lembrar de tantas delas que ouvi.
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Marilza De Melo Foucher comentou:
30/01/2021
Dor no coração...muita indignação com a impunidade do genocida. A crônica desoertou saudades do Bairro Aparecida lá morou minha tia Teteia na rua Bandeira Branca.
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Regina Cabral Freire comentou:
30/01/2021
Vou compartilhar com meus amigos que estão de luto. Três que já mandei choraram muito...
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Elaine Meneghini comentou:
30/01/2021
Texto rico, comovente. Se não fosse assinado eu saberia que era seu, claro
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Ana Silva comentou:
30/01/2021
Linda homenagem ao bairro Aparecida, aos seus habitantes, à Manaus. Tristeza!
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Lilian Tatainan comentou:
30/01/2021
Que situação horrorosa estamos vivendo. Nas cabeceiras dos rios no amazonas as pessoas estão morrendo e ninguém fala, na cidade de Nova olinda do Norte 12 professores morreram praticamente um depois do outro, a mortandade é de cortar o coração
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