PRODUÇÃO ACADÊMICA

A TRADIÇÃO ORAL NAS CRÔNICAS (São Paulo, USP, 1992)

Em: 06 de Março de 2010

Autor: JOSÉ RIBAMAR BESSA FREIRE
Local da Publicação: SãO PAULO. USP. 1992 PG.108
 

Comissão Organizadora do Congresso Internacional América 92 Raízes e Trajetórias: Programa e Caderno de Resumos. São Paulo. USP. 1992,231 pgs.

A TRADIÇÃO ORAL NAS CRÔNICAS

Resumo da Comunicação

O fato de a grande maioria das etnias americanas não possuirem escrita alfabética, quando da chegada dos europeus, foi interpretado pela historiografia tradicional como falta de registro. Existe uma especulação sobre a fragilidade do registro oral, numa visão etnocêntrica, a partir do papel que este registro desempenha nas sociedades literalizadas contemporâneas. Nesta perspectiva, as principais fontes históricas da América são as européias, já que as formas de registro das sociedades ágrafas, que permaneceram desconhecidas durante muito tempo, não são consideradas confiáveis. No entanto, existe uma memória indígena sobre a sua história e sobre  o contato com o europeu e/ou a sociedade nacional, segundo as condições históricas de cada grupo. Esta memória, a princípio, se encontra na tradição oral de cada grupo e parte dela foi consignada em algumas crônicas, em outro tipo de documentação ou está ainda por ser recolhida. Queremos discutir as formas de recuperar est memória, os pressupostos teóricos que hoje colocam as possibilidades da análise do discurso oral de forma autônoma e as considerações metodolótgicas para tratar as fontes como um discurso, susceptível de ser analisado criticamente. Neste sentido, propomos uma revisão da crônica de Gaspar de Carvajal sobre a Descoberta do Rio Amazonas, de 1541, 2, e a de Cristobal de Acuiña, escrita cem anos depois também sobre o rio Amazonas.