CRÔNICAS

Coquinho de tucumã, saliva e pólvora no país de maricas

Em: 15 de Novembro de 2020 Visualizações: 7357
Coquinho de tucumã, saliva e pólvora no país de maricas

“Abajo la inteligencia, viva la muerte”!

(Millán Astray, general, 1936)

- Bolsonaro comeu coquinho de caroço de tucumã. Isso explica tudo.

Essa descoberta sensacional foi anunciada nesta semana pela historiadora amazonense Astrid Lima, nascida no bairro de Aparecida e hoje residente em Roma. Ela ficou estarrecida quando o capitão enalteceu a morte de um voluntário dos testes da vacina Coronovac: “Morte, invalidez, anomalia [...] Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. Depois de faturar com o luto alheio, ele banaliza: “Todos nós vamos morrer um dia”, o Brasil “tem que deixar de ser um país de maricas”. O capitão mostrou as armas ainda ao novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que defendeu a preservação da Amazônia: “Apenas a diplomacia não dá, né Ernesto, tem que ter pólvora”.

Ernesto Araújo, o obediente ministro das Relações Exteriores, ali presente, concordou com o hino de louvor à guerra e à fatalidade da morte expresso numa logorreia tautológica, usado anteriormente para as vítimas do coronavirus que somam hoje no Brasil mais de 165 mil mortos. Dois ministros médicos demitidos sucessivamente por discordarem do capitão foram substituídos por um general da ativa que faz tudo o que seu mestre mandar e, humilhado, admite publicamente: “Obedece quem tem juízo”. Uma desmoralização para o Exército brasileiro.

Essa obsessão pela morte por quem já declarou – “eu não sou coveiro” – é uma forma de tanatofilia, que precisa ser compreendida, né Ernesto? Surgiram várias explicações para a diarreia mental do presidente, motivo de chacota no mundo inteiro, né Ernesto?

O valentão

- O capitão, doido e alucinado, teve o equilíbrio psíquico afetado após a derrota do seu amo Donald Trump – afirmou o senador Requião.

-  Ele ficou demente diante da iminente prisão do filho Flávio Rachadinha – afirmou um comentarista da Globo News.

Já o psicanalista Contardo Calligaris avalia que Jair é um macho primário e tóxico com sérios desvios de personalidade e que, atormentado pela dúvida, vive se perguntando: quem sou eu? É o mesmo valentão que no dia 4 de julho de 1995, no sinal em Vila Isabel, se acovardou frente a dois bandidos que levaram sua moto e a pistola Glock que tinha debaixo da jaqueta? Cadê o valentão, o ferrabrás?

– No Brasil, todo mundo é maricas, exceto quem não é – ironizou nas redes sociais o poeta e designer gráfico André Vallias, parafraseando o antropólogo Viveiros de Castro.

No entanto, nenhuma dessas explicações satisfizeram plenamente a pesquisadora Astrid, que permaneceu intrigada e desconfiou que aquilo que estão chamando de insanidade conjuntural é outra coisa, não é de agora, mas existe desde sempre. Foi ai que ela descobriu a história elucidativa do tucumã.

Como se deu tal descoberta? Foi por acaso, como aquela maçã que caiu na cabeça de Newton, em 1666, permitindo a formulação da lei da gravidade. Astrid pesquisava nos arquivos da Sociedade Geográfica Italiana, em Roma, a vida de Stradelli – o conde italiano que viveu entre os índios, contraiu lepra e foi enterrado em 1926, no cemitério de Paricatuba, às margens do rio Negro, a 30 km de Manaus. De repente, no meio de fotografias amareladas pelo tempo, ela encontrou um manuscrito, que ninguém sabe como foi parar lá. Era um diário que deu as pistas para compreender a conduta de Jair Bolsonaro.

Diário de Montemurro

A historiadora, ao ler aquele calhamaço, estremeceu. Seu autor, de nome Nicolao, era um italiano nascido no município de Montemurro, na Provincia de Potenza, em Basilicata, Itália. Migrou para o Amazonas e se tornou dono de uma sapataria na rua da Instalação, em Manaus. O documento traz em letra caprichada um capítulo dedicado ao casal amigo do autor, Percy Geraldo Bolsonaro e Olinda Bonturi, também filhos de imigrantes italianos que viviam em Campinas, a quem Nicolao enviou, em 1962, um cacho de tucumã.

Nicolao escreve aos seus compatriotas que o tucumã, fruta regional comestível, dá numa palmeira. Debaixo da casca, apresenta uma carne alaranjada e oleosa, ligeiramente adocicada, com a qual se faz sanduíche de pão com queijo, conhecida hoje como X-Caboquinho, que era levado diariamente pelo ex-senador Alfredo Nascimento ao então governador. Retirada a polpa, aparece um caroço extremamente duro, com o qual os artesãos indígenas fabricam anéis, brincos, pulseiras. “O caroço não é comestível, sua ingestão traz consequências nefastas – adverte Nicolao. 

Foi ai que começou a tragédia. Jairzinho, de 7 anos de idade, filho do casal, não leu o diário porque continha muitas palavras e nenhuma figurinha, hábito que mantém até os dias de hoje. Com um martelo quebrou o caroço e ingeriu o seu conteúdo. Ora, na Amazônia, todo mundo sabe que quem come coquinho de tucumã fica burro e se imbeciliza. Existe até uma expressão para definir quem é curto de ideias e lento no raciocínio: “Coitado, ele comeu coquinho de tucumã”.   

Os moradores de Tapauá, onde o buraco é mais embaixo, assim como de toda a região do rio Purus, acreditam que os eflúvios do coquinho sobem pra cabeça e deixam a pessoa apatetada e estúpida, falando besteiras sobre assuntos que não entende. Já em Urucurituba e na microrregião de Itacoatiara afirmam que, além de se idiotizar, o comedor, que não teme a morte, fica insensível à dor alheia.

Viva la muerte!

Foi assim com o general franquista José Millan Astray que em sua infância comeu o “pepinillo del diablo”, um fruto parecido com um pepino pequeno que dá dentro de uma cabaça, cujo efeito é similar ao do coquinho do tucumã. No dia 12 de outubro de 1936, o general invadiu a Universidade de Salamanca no início do ano letivo e proferiu o berro fúnebre que até hoje ecoa pelo mundo. O filósofo don Miguel de Unamuno, ali presente, considerou “abjeto” o pronunciamento do militar e dirigiu a ele seu discurso histórico:

- “Acabo de ouvir o grito de viva a morte, que equivale dizer morra a vida! Vencer não é convencer. General, vocês podem até vencer, porque têm armas de sobra, mas não convencerão, porque convencer significa persuadir. E para persuadir é necessário algo que vos falta nesta luta: inteligência, razão e amor à justiça. Me parece inútil pedir que vocês pensem na Espanha”.

O general espanhol não era demente. Nem o capitão, que defende a tortura. Eles apenas comeram o coquinho de tucumã e o “pepinillo del diablo”, o que mata qualquer brote de inteligência. Simples assim. Muitos eleitores que votaram no capitão também comeram a mesma fruta, ao contrário de outros que não são burros e, diante do discurso anticivilizatório, já estão arrependidos do voto dado ao "estuprador de florestas" nas palavras de Cristine Takuã, professora guarani na Escola Txeru Ba'e Kua-I.

A questão central não é a inevitabilidade da morte reconhecida desde o Paleolítico pelos hominídeos, mas como viver melhor, como prolongar a vida com conforto, projeto civilizatório do qual a ciência faz parte. As vacinas estão neste pacote que só a inteligência alcança e não a pólvora. Por isso, os generais Santos Cruz e Paulo Chagas, que não comeram o coquinho, já manifestaram seu incômodo.

A historiadora amazonense, que salivava enquanto lia o diário de Montemurro, lembrando os saborosos tucumãs da feirinha de Aparecida, sabe que o capitão não pode mais descomer o coquinho. Não tem jeito.  Por isso, ele é assim, obtuso, e no passado foi desligado do Exército.  O referido é verdade e dou fé.  Taí a Astrid Lima que não me deixa mentir. Ou deixa?

P.S. - Ilustrações do Merthiôla

 

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20 Comentário(s)

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Rodrigo Martins comentou:
05/12/2020
Muito triste que como só temos declarações no mínimo infelizes desse péssimo presidente. Agora gostei de conhecer o x-caboquinho. Para quem quiser conhecer um pouco mais, envio o link com esse video que mostra esse delicioso sanduíche: link: https://youtu.be/jFGOILN6ABE?t=106 Um abraço querido professor
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Irma Fenix comentou:
18/11/2020
Aqui fala de General humilhado....não acredito... lembro da música: " estou te dando linha prá depois te abandonar...."
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Ana Silva comentou:
18/11/2020
Excelente crônica, como sempre muito inteligente e com fino humor. Muitas pessoas comeram coquinho e não apenas o lixo que nos preside.
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Anne Marie Milon Oliveira comentou:
17/11/2020
Disse Bolsonaro numa entrevista citada, entre outros, pelo Estado de Minas (28.08.2018 -https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/08/29/interna_politica,984474/bolsonaro-defende-guerra-civil-no-brasil-e-sonegacao-de-impostos-em-vi.shtml ); “O voto não vai mudar nada no Brasil”. “Só vai mudar infelizmente quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime militar não fez. Matando uns 30 mil, ... Ainda acrescentou;. “Vão morrer alguns inocentes. Tudo bem. Em toda guerra, morrem inocentes. O general franquista citado por você disse na guerra civil espanhola "Viva la muerte". Essa guerra fez mais de 150 000 mortos e não 30 000, num pais muito menor que o Brasil. Ninguem controla o numero de mortes, muito menos inocentes que vai fazer uma guerra. Na Espanha foram muitos inocentes como mostra o quadro Guernica de Picasso que retrata o bombardeio de uma feira numa pequena cidade espanhola pela aviação de Hitler aliada dos franquistas em 1937, durante esta guerra civil (https://www.todamateria.com.br/guernica-de-pablo-picasso/#:~:text=Guernica%20%C3%A9%20uma%20obra%20do,e%20foi%20produzida%20em%201937.)
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Anne Marie Milon Oliveira comentou:
16/11/2020
Absolutamente genial essa aproximação entre Bolsonaro e o general franquista durante a Guerra Civil Espanhola. Não podemos esquecer que, como ele mesmo disse uma vez, para Bolsonaro “o voto não vai mudar nada no Brasil”. “Só vai mudar infelizmente quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil.." (Citado, entre outros, pelo jornal Estado de Minas, 29.08.2018 - https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/08/29/interna_politica,984474/bolsonaro-defende-guerra-civil-no-brasil-e-sonegacao-de-impostos-em-vi.shtml)
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Eneida Simões da Fonseca comentou:
16/11/2020
Grata pelos esclarecimentos. Sigamos evitando determinadas coisas e pessoas e, um dia, nosso Brasil estará onde merece.
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Mário Nogueira comentou:
16/11/2020
Muito boa, só discordo da definição que ele é “tolinho”, pra mim ele é mau de verdade, sem princípios, mau caráter mesmo. Escolheu ser assim.
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Serafim Correa comentou:
15/11/2020
Publicado no Blog do Sarafa - https://www.blogdosarafa.com.br/category/taquiprati/
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Racismo Ambiental comentou:
15/11/2020
Publicado no blog Combate Racismo Ambiental https://racismoambiental.net.br/2020/11/15/coquinho-de-tucuma-saliva-e-polvora-no-pais-de-maricas-por-jose-ribamar-bessa-freire/
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Décio Adams,IWA comentou:
15/11/2020
"Coquinho de Tucumã", uma joia de crônica. Já partilhei no meu perfil do Facebook e vou ver se coloco em outros sites também. Isso me fez lembrar de um menino, filho do patrão de meu pai na juventude, antes de casar-se com minha mãe. Numa aposta para ver quem comia mais "ariticum", fruto existente no sul semelhante à fruta do conde, mas que se encontra em estado selvagem, ele engoliu os caroços que são indigeríveis. Pior! No intestino se acomodam de tal modo que formam uma verdadeira bucha e o dito cujo sentava no "penico" e nada de botar para fora. Meu pai que estava trabalhando na roça foi chamado e mandado ao "bolicho" (nome das vendas de tudo) na região, comprar um vidro de óleo de rícino. Num galope desenfreado meu genitor cavalgou por mais ou menos seis quilômetros de ida e logo voltou trazendo o dito óleo. Fizeram o moleque beber todo conteúdo. Não tardou e ele gritou para a mãe trazer o penico. Sentou-se sobre o trono e começou a fazer força. O primeiro caroço fez "plim!", os dois seguintes fizeram "plim! plim!" e daí para frente foi uma enxurrada. Havia no intestino grosso do vivente mais de meia penicada de caroço de ariticum, limpinho da polpa, mas pronto para ser plantado. KKKKKKKKKKK. Se essa história é verdadeira, explica muita coisa da vida desse que hoje posa, por obra e graça de alguns imbecis e um bando de seguidores feito gado atrás do berrante, como presidente da república. Já perdi a conta das bobagens, absurdos e aberrações que sua boca já despejou no mundo. Tenho vergonha de sair para o exterior e ser apontado como um cidadão cujo presidente não passa de um basbaque desmiolado. Parabéns pela excelente crônica. Um abraço amigo. Décio Adams,IWA Professor aposentado e escritor
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Urda Alice Klueger comentou:
15/11/2020
Querido professor, mesmo lendo quase sempre com um bocado de atraso os seus textos, não tenho como não rir à socapa (termo antigo, vixe, vixe!) com seu humor finíssimo e sua escrita idem! Grande abraço
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Enzo Lauriola (VIA fb) comentou:
15/11/2020
Astrid Lima que honra ser homenageada na coluna do José Bessa ! Taquiprati bravo à Bessa!
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Astrid Lima (via fB) comentou:
15/11/2020
Enzo Lauriola ja tive essa honra tempos atrás. Privilégio de sermos conterraneos de Aparecida
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Euclides Coelho de Souza comentou:
15/11/2020
Faltou lembrar que do caroço de tucumã se fazia jogadores de futebol de botão. O meu time de botão nos anos 1950 foi vice-campeão em Manaus, era o time do Vasco com Barbosa, Augusto e Rafagnelli. Deixei o time de botão de tucumã na casa do Felix Valois e nunca mais o recuperei. Também se jogava com caroço de tucumã como se fosse bolinha de gude
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Roseli Pellegrino comentou:
14/11/2020
Esse sujeito é um coiso , um energúmeno , irresponsável e Que nunca assumiu o povo brasileiro !
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Magela Ranciaro (via FB) comentou:
14/11/2020
Leila Costa e Cassia Batista, sobre aquele assunto que conversamos a respeito do qual eu lembrei que a mamãe já advertia sobre o coquinho do caroço do tucumã, lembram, né? Então, aí nessa belíssima crônica, está a explicação científica daquilo que, lá em Barreirinha, mamãe já nos advertia. Aliás, se queremos desvendar os mistérios que sondam o nebuloso “crânio” do capitão, é que ele, Jairzinho, aos 7 anos de idade, desinformado, pra variar, comeu o coquinho do tucumã. Enfim, nem foi preciso tanto esforço da ciência para compreender a “diarreia cerebral” do próprio, bastou uma historiadora revirar alguns arquivos de 1926, para que tudo ficasse esclarecido. Daí porquê a leitura obrigatória dessa extraordinária crônica de José Bessa
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Vera Lucia Teixeira Kauss comentou:
14/11/2020
Mais um texto magistral do José Bessa... Espero que, nessas eleições, tenha uma maior número de eleitores que NÃO tenham comido o bendito caroço de tucumã...
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J. Carlos Levino comentou:
14/11/2020
Muito bom. Só que volto a afirmar ele é mais do mesmo, um escroto. Não comete estelionato eleitoral, nem mesmo quando se alia ao centrão. Tem é que medir a razão de quem colocou esse lixo na presidência.
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Gleice Antonia de Oliveira comentou:
14/11/2020
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Astrid Lima comentou:
14/11/2020
Caroço de tucumã ou overdose de tambaqui que, como sabemos, provoca uma alteração na membrana que protege a caixa crânica gerando o fenômeno mundialmente conhecido como leseira baré que seja, o fato é que Bolsonaro banaliza a vida. Qualquer vida. Seja aquela dos mais de 160 mil brasileiros mortos por covid, de todos os Estados, de todas as religiões, etnias, cores e de todas as dores, como aquela do bioma brasileiro. A única forma de existência que Bolsonaro defende - e venera- é aquela do mercado livre como ele relembrou dias atrás. E a sua veneração é tanta que não hesitou em ameaçar Biden, recém eleito presidente de uma potência mundial, com o uso da pólvora se ousasse atuar sancões econômicas ao Brasil caso o presidente não combatesse os incêndios das florestas. Para Bolsonaro a flora, a fauna, os povos da floresta são aberrações que não podem ser obstáculos ao Deus Dinheiro. Pensando em aberrações, por uma ironia da natureza, talvez o caroço do tucumã (ou a gordura do tambaqui) não seja o responsável pela sua loucura e sim a ingestão, por décadas, de plástico, eternit, descartes minerários e outros lixos produzidos pela sua religião: o Mercado Livre.
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