CRÔNICAS

O ano do Brasil na França: merci, Egbertô!

Em: 07 de Novembro de 2004 Visualizações: 6511
O ano do Brasil na França: merci, Egbertô!
- Qui est Egbertô Mirrandá Baptistá?
A pergunta, evidentemente induzida por mim, foi feita num papo com um dos 16 jornalistas franceses que visitaram a Amazônia nesta semana. Eles estiveram em São Gabriel da Cachoeira, Manaus, Belém e Ilha do Marajó, mantendo contato com os índios da COIAB, da FOIRN, com pesquisadores do INPA, a Secretaria de Ciência e Tecnologia, a AGECOM, outros secretários de Estado e, no caso do Pará, com o próprio governador.
A visita desses jornalistas é um pequeno aperitivo do que vai ocorrer no próximo ano, quando o Governo Francês e o Ministério da Cultura do Brasil realizarão uma série de eventos sobre o nosso país, já que o 2005 foi escolhido para ser o ano do Brasil na França. Acompanhei os jornalistas nessa viagem e entrevistei Agnes Benayer, do Departamento de Comunicação da Comissão encarregada de organizar a programação.
A Amazônia aparecerá em dezenas de eventos. No Palais de la Découverte,  por exemplo, uma exposição intitulada  “Amazônia Brasil” vai permitir que o visitante mergulhe numa piscina de sementes, folhas e fibras, em experiência sensorial e interativa única. Depois ele percorrerá uma aldeia com um malocão e quatro casas, explorando o tema da farmácia tradicional, dos remédios caseiros e da medicina indígena e caboca.
Outra exposição, intitulada “Florestas Urbanas”, será montada no Parc de Bagatelle, e discutirá a questão do meio ambiente nas cidades, o espaço verde por elas destruído e a reapropriação da floresta pelo homem. O escultor brasileiro de origem polonesa, Frans Krajcberg, conhecido mundialmente, terá vinte de suas esculturas monumentais expostas, entre as quais uma imensa aranha.
Fora de Paris, na Abadia de Daoules, os franceses vão montar uma gigantesca maloca Yanomami numa exposição intitulada “Sonhos da Amazônia”. A francesada vai saber como vivem os Yanomami no seu cotidiano e entrar em contato com um verdadeiro jardim botânico,
Bom, mas aonde é que o Egberto entra nessa história? Pera lá, leitor, Deixa de ser avexadinho. Falta ainda falar do espetáculo “A dança das grandes máscaras amazônicas”, executada por trinta e tantos índios do Xingu, que mostrarão o melhor de suas danças rituais num espaço a céu aberto, em Paris.
Agora sim é que voltamos ao nosso tema inicial. Num papo com um dos jornalistas franceses mais politizados sobre as recentes eleições municipais, ele viu em minhas mãos o jornal Maskate e leu o título criativo de uma matéria: “Xô, Egberto”. Foi ai que perguntou quem era a figura. Expliquei que embora Egberto fosse um personagem sinistro, sem escrúpulos, envolvido em mutretas e corrupção, havia prestado – sem querer – um grande serviço ao povo amazonense. Passei ao jornalista francês as seguintes informações confidenciais que agora compartilho contigo, leitor.
Na sua última gestão, Amazonino prometeu a Egberto que ele ficaria muito mais podre de rico durante o seu mandato de governador. No entanto, as expectativas foram atendidas apenas parcialmente, o que levou o marqueteiro paulista a alimentar um ódio secreto, sem limites, contra o governador. Egberto não deu bandeira, fingiu perdoar, mas o seu coração estava repleto de rancor. – “Um dia eu me vingo”, ele disse para os seus botões.
Esse dia chegou com a eleição para prefeito de Manaus. Essa era a hora do ajuste de contas. Dizem que vingança é um prato que se come frio. Foi o caso. Egberto, o podrão, calculou tudo nos mínimos detalhes, planejando minuciosamente cada jogada. Fez uma pesquisa de opinião pública confidencial e descobriu duas coisas. Primeiro, que 51.68% da população de Manaus estavam cansados de tanta baixaria; segundo, que 99,20% (com uma margem de erro de apenas 0,1%), identificavam a figura do vereador Sabino Castelo Branco como a lata de lixo da História. Achavam que Sabino, cocô e bosta era tudo a mesa coisa, fediam da mesma forma.
De posse de tais informações, Egberto procurou Amazonino e disse que ele tinha de caluniar e bater forte, se quisesse ganhar as eleições: “Precisamos inventar uma Lurian para o Serafim”. O Negão é metido a esperto, mas não desconfiou de nada. Concordou. Daí, chamaram o Sabino Lata de Lixo e os três desenvolveram o plano Soraya, que é conhecido de todos.
O resultado foi aquele que todo mundo viu. Os eleitores ficaram indignados com a baixaria e, por isso, acabaram votando em Serafim. Não foi mera coincidência o fato de que Serafim recebeu um total de 386.767 votos, justamente a mesma porcentagem daqueles que condenaram a baixaria na pesquisa inicial feita pelo marqueteiro paulista. Egberto Podrão estava vingado.
Sabino Lata de Lixo foi execrado. O Negão foi pro balatal, já tem até programada missa de sétimo dia por sua morte política. Egberto, o Podrão, em nenhum momento agiu pensando na cidade de Manaus. É verdade. No entanto, ao nos ajudar a derrotar uma certa metodologia de fazer política, vinculada à calúnia e à corrupção, que ele representa tão bem, o Podrão contribuiu sem querer para elevar a luta política a outro patamar. Egberto, o Podrão e Sabino Lata de Lixo deveriam aparecer numa exposição em Paris, enjaulados, como animais que os amazonenses querem extinguir. Daqui de Salvaterra, na ilha do Marajó, onde me encontro, em nome da população amazonense, agradeço: Merci beacoup, Egbertô Podrão.

P.S. - Lula governa há 676 dias e nada de homologar a Terra Indígena Raposa Serra do Sol, promessa de campanha..

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